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Que fatores contribuem para a falta de alinhamento entre parceiros logísticos?

É fato que a dinâmica atual das cadeias de suprimentos têm exigido, das empresas que dela participam, um maior empenho na solução dos problemas que venham a enfrentar nas diferentes operações.

É fato, também, que pela diversidade de operações envolvidas em uma cadeia de suprimentos, o estabelecimento de parcerias é quase que uma necessidade, visando aproveitar a experiência de quem domina o assunto, permitindo à empresa ter um foco maior naquilo que ela efetivamente sabe fazer.

O grande desafio hoje enfrentado pelas cadeias de suprimento é como garantir um alinhamento entre parceiros logísticos, especialmente em seus objetivos, que faça com que ambas as empresas possam colher os frutos mais adequados no desenvolvimento de suas atividades.

Necessidade de parcerias logísticas na cadeia de suprimentos

Podemos dizer que as operações logísticas de uma cadeia de suprimentos são candidatas naturais ao estabelecimento de parcerias. E é fácil entender o motivo para essa afirmação. Em função da diversidade de operações desenvolvidas ao longo de toda a cadeia, torna-se difícil para uma única empresa, ter a capacitação necessária para executar todo esse conjunto de operações. Assim, para manter o foco na sua atividade principal, ela vai buscar colaboração com outras empresas que tenham a experiência necessária para atender aos objetivos da cadeia de suprimentos.

Como consequência desse processo colaborativo, observa-se um aumento no nível do serviço prestado ao cliente. Ao otimizar os processos de suprimento, produção e distribuição, as empresas conseguem aumentar a velocidade e a qualidade da entrega dos produtos ou serviços aos clientes, resultando em uma maior satisfação do cliente e fidelidade à marca.

Adicionalmente, observa-se também uma otimização dos custos logísticos. A colaboração em cadeias de suprimentos pode levar a uma redução de custos para todas as empresas envolvidas. Com a cooperação, as empresas compartilham os custos de logística, armazenamento, transporte e outras atividades, resultando em economias de escala e redução de custos operacionais, aumentando a competitividade das empresas no mercado. Em função disso, as empresas podem ter acesso a mercados mais amplos, alcançar economias de escala e se posicionar melhor em relação aos concorrentes.

No entanto, apesar de todos esses benefícios, também se observam alguns problemas gerados a partir desse relacionamento. Não podemos esquecer que são empresas diferentes trabalhando em conjunto, sendo necessário um alinhamento entre parceiros logísticos, para que os resultados desejados sejam alcançados.

Polarização dos relacionamentos entre parceiros logísticos

As cadeias logísticas, cada vez mais, estão enfrentando pressões maiores dos mercados. Ao longo dos últimos anos, as expectativas dos consumidores se ampliaram e isso provocou uma aceleração da demanda por produtos dos fornecedores e vendedores. Aliado a isso, os tempos entre pedido e entrega estão cada vez mais curtos e os custos das operações, de uma maneira geral, tendem a crescer. A pandemia da COVID-19 também contribuiu para o aumento dessa pressão sobre as cadeias de suprimento e alguns de seus impactos são sentidos até hoje nessas operações.

A grande questão é que essas pressões não estão somente afetando o fornecimento e a movimentação de produtos, mas também estão testando os relacionamentos entre os parceiros das cadeias de suprimento, levando-os até os seus pontos de equilíbrio. É necessário haver um alinhamento entre parceiros logísticos para um melhor resultado das operações.

As suspeitas sobre a elevação dos preços dos produtos causam distorções, enquanto que atrasos e falta de produtos aumentam a tensão, muitas vezes levando a disputas que podem comprometer completamente o grau de relacionamento entre as empresas.

Não é regra, no entanto, que as pressões sobre as cadeias necessariamente provocarão ruptura de relacionamentos. Em alguns casos, pode ocorrer o contrário, visto que as situações podem fortalecer alguns relacionamentos, com o objetivo de aumentar a possibilidade de vitória sobre o problema. É o que acontece, por exemplo, nas negociações de preços com cadeias varejistas que se unem para forçar o fornecedor a reduzir o preço de determinados produtos.

Pode-se observar, também, alguns nichos de negócio que podem apresentar um maior fortalecimento dos relacionamentos do que outros, com um maior alinhamento entre parceiros logísticos. Foi o que se observou, por exemplo, no resultado de uma pesquisa feita entre empresas norte-americanas, onde identificou-se, no setor farmacêutico, relacionamentos que foram mantidos ou ficaram mais fortes do que outros setores.

Como vimos, muitos fatores contribuem para essa polarização entre os diferentes membros das cadeias de suprimentos. Porém, uma análise mais aprofundada dessas situações, mostra que, um dos fatores mais críticos é a falta de alinhamento entre parceiros logísticos, que iremos discutir mais adiante.

Gestão dos relacionamentos entre parceiros logísticos

Uma questão que muito preocupa é a falta de clareza de algumas organizações sobre a importância dos aspectos legais dos contratos estabelecidos com seus parceiros. Isso pode parecer um erro primário, mas não é pouco comum encontrarmos contratos estabelecidos de tal forma que algumas cláusulas praticamente não têm nenhum efeito, quando alguma situação crítica venha a acontecer entre as empresas.

Os contratos são uma parte crítica de um negócio, pois eles asseguram, a ambas as partes, suas responsabilidades legais sobre as promessas feitas durante a etapa de negociação. Por exemplo, um contrato deve estabelecer que a empresa A garante a entrega de uma certa quantidade de produto à empresa B, que pagará um determinado valor por isso. Assim, se a empresa A falhar nesse propósito, deverá ser cobrada.

Fazer a gestão de um acordo sem um contrato formalmente estabelecido é semelhante a você dirigir seu veículo às cegas. Você não sabe para onde está indo, nem o que irá encontrar quando chegar a esse destino. Sem um contrato estabelecendo claramente quais são as regras válidas no relacionamento, você não terá como cobrar de seu parceiro algum resultado, nem fará com que ele se preocupe em estabelecer metas que possam contribuir com os resultados de seu negócio.

Os contratos são instrumentos legais que contribuem para o alinhamento entre parceiros logísticos.

É importante comentar, também, que mesmo que seja formalizado um contrato para reger o relacionamento entre duas empresas, esse deve ser revisto e readequado a eventuais novas realidades. Muitas vezes, alguns contratos são de longa duração, o que faz com que venham a ser revisados a cada 2 ou 3 anos, que pode ser um tempo suficientemente longo para a definição de uma determinada cláusula.

Com a atual volatilidade dos mercados, esses contratos revistos a tempos mais longos podem ser prejudiciais aos negócios, por não prever novas situações que possam ocorrer ao longo do relacionamento entre as empresas.

Falta de alinhamento entre parceiros logísticos

Esse, certamente, é um dos maiores problemas quando falamos em relacionamentos em uma cadeia de suprimentos. A falta de alinhamento entre parceiros logísticos, mesmo naquelas situações em que existam contratos formais entre elas, é um dos principais desafios para serem atingidos os resultados do negócio. Até porque, muitas vezes, tais objetivos somente são revistos quando os contratos estão próximos do vencimento e, como já comentado, isso pode representar um tempo longo demais em algumas cadeias de suprimentos.

O que muitas empresas não percebem é que quanto mais alinhados forem seus objetivos de negócio com o de seus parceiros, mais forte será o relacionamento entre eles, o que impactará positivamente seus resultados. O alinhamento entre parceiros logísticos é, portanto, um fator crítico de sucesso.

Vamos citar um exemplo para facilitar a compreensão da importância desse assunto. Suponha um fabricante de produtos que tenha definido um foco na sustentabilidade, estabelecendo uma marca comprometida com os valores ambientais.

Se esse fabricante, por exemplo, contratar um parceiro para distribuição de seus produtos ao mercado, mas sem estar atento ao fato de avaliar o grau de comprometimento desse parceiro com a sustentabilidade de suas operações, estará colocando em risco a credibilidade de sua marca e de seus produtos. Isso porque, se o mercado perceber que a empresa transportadora não tem compromisso com o meio-ambiente, utilizando veículos com manutenção deficiente que polua o meio-ambiente durante o transporte dos produtos, irá associar imediatamente à marca do fabricante, desacreditando do seu próprio compromisso com o assunto.

Assim, é fundamental estabelecer uma parceria que esteja alinhada a seus próprios objetivos, o que será conseguido a partir de um processo de seleção de parceiros que seja capaz de avaliar a viabilidade desse parceiro em relação aos valores da empresa. Nós já discutimos esse assunto em nosso blog, na publicação: Seus fornecedores estão preparados para momentos de crise?

Outro fator igualmente importante está relacionado com a capacidade das empresas em trocarem informações com seus parceiros. Para os mercados atuais, a informação e a velocidade com que esta é colocada à disposição, é tão importante quanto o produto em si. Assim, estabelecer parcerias com empresas que não possuam sistemas capazes de se comunicar com seus próprios sistemas pode representar um grande problema para a empresa. Quanto mais facilmente o fluxo de informação entre os parceiros puder ser estabelecido, melhores serão as decisões tomadas sem a necessidade de intermináveis reuniões, além de dar uma maior visibilidade a todos os envolvidos na cadeia de suprimento.

Fica claro, então, que para se estabelecer um nível de relacionamento forte entre os parceiros é fundamental criar um fluxo de informações entre as empresas, que permita promover um maior alinhamento entre seus objetivos. Com isso, se aumenta o grau de colaboração e, consequentemente, o relacionamento entre as partes. Com objetivos mais alinhados, obtém-se resultados melhores para ambas as partes, atingindo seus objetivos de uma forma mais eficaz, seja reduzindo os tempos entre as operações ou chegando a níveis de preços mais adequados.

O fato é que os parceiros que atinjam esse nível de colaboração certamente serão mais recompensados em seus relacionamentos do que aqueles que não o atinjam o desejado alinhamento entre parceiros logísticos.

Referência

ENABLE. Overcoming the misalignment Driving Friction Between Supply Chain Partners.

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