Dentre as parcelas consideradas na apuração do custo de um produto, o custo de produção é, sem dúvida, o mais complexo de ser determinado. Isso porque envolve uma grande quantidade de variáveis e depende, em grande parte, da complexidade tecnológica do processo produtivo.
Para alguns produtos, em que o processo de produção é mais simples, o custo de produção pode ser apurado com maior facilidade. Porém, para a grande maioria dos processos industriais, a situação é bem diferente. Fatores como a sazonalidade do produto interferem diretamente na forma como a empresa planeja a sua produção.
As empresas que precisam suprir um produto ou serviço com demanda sazonal ou incerta normalmente produzem a um nível constante durante o ano a fim de minimizar os custos de produção e acumular os estoques necessários para suprir a demanda durante uma temporada relativamente curta de vendas.
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 374-375
Considerando que o custo de aquisição de matéria prima, em geral, é considerado no custo de suprimento, o custo de produção será composto considerando as parcelas referentes ao custo da mão de obra, ao custo de insumos de processos, ao custo de equipamentos e aos custos indiretos associados à produção.
Custos de mão de obra no custo de produção
O custo de mão de obra é formado pelos salários e encargos das equipes que trabalham na produção. Há vários fatores que podem contribuir para o aumento desse custo, tais como o tamanho da equipe, o tipo de jornada de trabalho e as despesas com horas extras.
Em função do tipo de jornada de trabalho pode haver, por exemplo, uma série de adicionais que elevam consideravelmente o custo final da mão de obra. Da mesma forma, a política de pagamento de horas extras, quando houver, é um fator importante a ser considerado nesse cálculo.
É importante considerar, no custo da mão de obra, não apenas a equipe envolvida no chão de fábrica, mas também aqueles responsáveis pelos acompanhamentos das operações, projetos, manutenção. Enfim, todos os profissionais que atuam nas operações que suportam a etapa de produção.
Custo de insumo de processos
No custo de insumos de processos devem ser considerados todos os materiais utilizados como auxiliares ao processo produtivo, incluindo produtos utilizados nos processos de produção como suprimentos adicionais, água, vapor, energia elétrica etc.
Lembrando que sempre que falamos em utilidades (água, vapor, energia etc.) devemos considerar apenas aquelas parcelas que exclusivamente são utilizadas no processo. Se não for possível fazer essa segmentação, tais parcelas devem ser desconsideradas para não trazer distorções ao cálculo do custo de produção.
Custo dos equipamentos no custo de produção
No custo de equipamentos devem ser incluídas as despesas com a depreciação do equipamento e com os sobressalentes para manutenção.
O custo de implantação dos equipamentos já foi considerado no projeto básico da unidade e, portanto, não é considerado no cálculo do custo de produção.
Mas as peças sobressalentes, utilizadas na manutenção dos equipamentos, e sua depreciação natural devem ser consideradas, pois são fatores que decorrem da utilização do equipamento para a produção do produto.
Custos indiretos
Por fim, outros custos indiretos podem ser incorporados ao custo de produção. Esses custos indiretos são custos com aluguel de instalações ou equipamentos, pesquisas & desenvolvimento, entre outros.
Assim, devem ser consideradas as atividades não previstas nos itens anteriores, tendo o cuidado de garantir que sejam efetivamente relacionadas ao processo de produção.
Situações específicas em relação ao custo de produção
É importante ressaltar que, na maioria das vezes, para que uma matéria prima seja transformada em produto acabado, são necessários vários processos sequenciais, onde o produto vai sendo produzido em partes ou vai sendo beneficiado de forma sequencial.
Nesses casos, o custo de produção deve considerar os custos decorrentes dessas diferentes etapas, já que todos esses processos se relacionam com a produção do produto.
Um outro fator importante está relacionado com a variedade de produtos produzidos pela fábrica. Ao se calcular o custo da produção, deve-se considerar esses diferentes produtos e não apenas o volume de produção total.
Se não feito dessa forma, poderemos chegar a uma situação em que produtos com mais alto volume de produção subsidiem aqueles de mais baixo volume, levando a erros na precificação que podem levar a empresa à perda de mercado, por exemplo.
Pesquisando na bibliografia sobre o assunto, será possível encontrar alguns modelos de cálculo de custo do produto que não consideram o custo de produção nessa conta, por entenderem que são custos muito complexos e que, em geral, são utilizados na etapa de avaliação econômico-financeira de implantação da fábrica, antes mesmo do desenho de toda a cadeia de suprimento.
Essa pode ser uma decisão da empresa, mas é necessário que se considere que o custo de produção pode se alterar ao longo do tempo, seja pela incorporação de novas tecnologias, pela alteração de insumos, equipamentos de processos ou incorporação de novos produtos.
Esses fatores devem ser avaliados sob risco de se incorrer em erros de avaliação, ao se desconsiderar essa variação ao longo do tempo. Você encontra mais informações em nossa publicação sobre gestão de custos logísticos.
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REFERÊNCIAS:
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.