Pode-se dizer que o processo de globalização existe desde o início da história. No início, as cadeias de suprimento eram pequenas e pouco estruturadas, mas a globalização já existia como um processo de internacionalização. Pode-se dizer, por exemplo, que Portugal e Espanha globalizavam suas economias através das Grandes Navegações dos séculos XV e XVI.
Mais especificamente no final do século XX, diversas empresas iniciaram um processo de globalização. Na sua maior parte, motivadas pela necessidade de se expandir para outros mercados em função da crise econômica em diferentes regiões do mundo ou mesmo por uma necessidade de expansão de seus horizontes.
Nesse ambiente, a maneira mais direta de uma empresa aumentar receita e lucro foi por meio da expansão para outras regiões desenvolvidas e para nações em desenvolvimento.
BOWERSOX, Donald J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. p. 124.
Pensando na logística necessária para globalização de suas cadeias de suprimento, sabemos que são muitos os desafios enfrentados pelas empresas nesses processos. Se dentro de um país, a gestão das cadeias de suprimento já é algo complexo, imagine ao expandir-se para outros mercados, em um processo de globalização.
A empresa precisa atender a todos os requisitos do país onde estabelece sua nova cadeia de suprimento, e ainda fazer face às incertezas decorrentes de vários fatores, tais como distância, demanda, diversidade das operações em outros mercados entre outros.
Assim, de uma maneira geral, a globalização das cadeias de suprimento aumenta os custos e a complexidade logística.
Barreiras à globalização das cadeias de suprimento.
Nesse processo, as empresas deparam-se com diferentes tipos de barreiras, em maior ou menor grau, a depender do mercado no qual está se inserindo. Vamos analisar a seguir algumas dessas principais barreiras.
Mercado e concorrência
A dificuldade encontrada pelas empresas na entrada em outros mercados pode ser dar a partir de diferentes razões. Por exemplo, podem existir barreiras físicas a essa entrada, como a ausência de canais de distribuição que permitam à empresa movimentar seus produtos dentro desse novo mercado.
Podem existir alguns canais, mas muitas vezes o fato de a empresa não dispor de um canal próprio, tendo que competir que os demais atores do mercado, que usualmente já operam há mais tempo, acaba sendo um empecilho a seu crescimento no mercado.
Um outro fator pode estar relacionado à maior dificuldade da empresa em conseguir informações a respeito desse mercado. Esse é um item que merece especial atenção, pois o nível de concorrência pode ser tão acirrado, de forma que a empresa não tenha acesso fácil às informações que lhe permitirão estabelecer a sua estratégia de entrada no mercado.
Por fim, mas não menos importante, estão os fatores relacionados à política de preços do mercado e às tarifas alfandegárias aplicadas a empresas estrangeiras. Políticas protecionistas podem ter sido estabelecidas, de forma a dificultar a circulação de produtos estrangeiros no mercado, e isso, certamente, trará dificuldades às empresas.
Financeiras
Além da questão de preço, já comentada, a própria incerteza da economia mundial, em determinados momentos, pode ser um agravante à presença em economias estrangeiras.
Aliado à essa incerteza, o desconhecimento da empresa sobre o mercado pode lhe trazer sérios problemas em relação à previsão de demandas, impactando severamente seus custos, seja pelo excesso de produtos em estoque, seja pela falta de produto (vendas perdidas) no mercado.
Alguns países também podem ter uma política de controle de preços severa, que inviabilize a participação de empresas estrangeiras em seus mercados ou, no mínimo, traga uma série de dificuldades a serem enfrentadas pelas empresas para que se mantenham participando de tais mercados.
Canais de distribuição
Em relação aos canais de distribuição, a globalização das cadeias de suprimento também pode vir a enfrentar graves problemas. Muitas vezes, a saída é a busca por parcerias com membros já atuantes no canal de distribuição.
Em função do tipo de produto, pode ocorrer que não exista um determinado tipo de modal de transporte adequado à sua movimentação. Nesse caso a empresa teria que investir em toda a infraestrutura necessária para que fosse possível colocar seu produto no mercado.
Também a infraestrutura pode ser responsável pelo aumento dos custos e dos tempos de transporte de produtos no mercado. Em geral, quando não há investimentos básicos na infraestrutura de um determinado modal de transporte, este pode trazer problemas de manutenção dos veículos utilizados, com isso aumentando os custos da empresa, ou mesmo apresentar diferenças que impeçam a movimentação do produto através dele.
Que tipo de benefícios a globalização das cadeias de suprimento pode oferecer?
Em primeiro lugar, como já comentado, a globalização permite a expansão do mercado de seus produtos às empresas. Nesse sentido, a internacionalização das cadeias de suprimentos exerce um grande atrativo pela ampliação dos ganhos das empresas.
Muitas vezes a globalização pode ser vista, pelas empresas, como uma forma de expansão do ciclo de vida de seus produtos, considerando, por exemplo, que possam ter atingido a etapa de maturação em seu mercado. Assim, a busca por novos mercados age como um novo ciclo de crescimento, ampliando o ciclo de vida do produto.
Mas talvez um dos grandes ganhos das empresas, muitas vezes desapercebido por algumas, seja a oportunidade de aprendizagem de processos, nas novas economias, que possam vir a ser inseridos em suas cadeias de suprimento originais.
O exemplo da CEMEX
A CEMEX é uma empresa produtora de cimentos, no México, originária a partir da fusão de duas empresas na década de 30.
Anos mais tarde, na década de 80, com a chegada à presidência de Lorenzo Zembrano, a empresa teve um rápido desenvolvimento. Esse foi, principalmente,a partir da implantação de ferramentas de Tecnologia de Informação, que lhe permitiram um rápido crescimento.
Mas foi talvez, na década de 90, que a CEMEX deu um grande passo rumo a seu crescimento, incorporando duas empresas das maiores empresas cimenteiras da Espanha.
Depois desta experiência fora do México, nos anos seguintes, seguiram-se novas aquisições. Foram adquiridas empresas da Venezuela, Estados Unidos (Texas), Panamá, República Dominicana, Colômbia. Finalmente, em 1997, a CEMEX comprou uma participação numa empresa cimenteira das Filipinas.
Essa foi sua primeira aquisição fora dos países de língua latina. Apesar de já ter adquirido uma planta nos Estados Unidos, havia optado por uma planta no Texas. Isso em função da proximidade com o México e a grande influência latina neste estado americano.
A empresa teve como foco os mercados de língua latina pelo fato de que neles, além da língua, havia uma certa familiaridade com as expectativas dos clientes.
Entretanto, à medida que a CEMEX expandia seus negócios para além México, encontrava dificuldades cada vez maiores com a integração de suas operações internacionais. Os gerentes locais reclamavam que os padrões adotados pela CEMEX no México não seriam eficientes mesmo em países como a Espanha ou da América Latina.
Reconhecendo que muitas das práticas adotadas eram oriundas das empresas adquiridas no México, a CEMEX iniciou um processo de catálogo e disseminação das práticas de negócio das empresas adquiridas em todo o mundo, uma aproximação do que mais tarde veio a ser conhecido como o Cemex Way.
Cemex Way
O Cemex Way nada mais é do que um conjunto das melhores práticas identificadas pela Cemex, no México e fora dele, agrupados em diferentes grupos funcionais. Tais práticas eram aplicadas em todas as empresas que fossem incorporadas, garantindo, dessa forma, uma maior integração entre elas. Ao mesmo tempo, fortalecia as cadeias de suprimento com novas e melhores práticas.
Com toda essa prática adquirida, a CEMEX prosseguiu seu processo de internacionalização, estando hoje presente em um número ainda maior de países.
CEMEX é uma companhia global de materiais para a indústria da construção, que oferece produtos de alta qualidade e serviços confiáveis a clientes e comunidades em mais de 50 países.
Site CEMEX – Nossa Missão
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REFERÊNCIAS:
BOWERSOX, Donald J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.
CEMEX. Site da empresa. Acesso em 19/07/2020.