Possivelmente você já se fez essa pergunta várias vezes e, dependendo da situação, chegou a diferentes conclusões, não é mesmo? De fato, essa não é uma pergunta tão simples de ser respondida. Vários são os aspectos que devem ser considerados na escolha do modal de transporte de carga mais adequado para transportar a sua carga.
Dados apresentados pela Revista Exame mostram que a matriz de transporte de cargas no Brasil é predominantemente composta pelo modal de rodoviário, responsável pela movimentação de aproximadamente 58% da carga no país. Com uma participação menor, seguem os modais ferroviário (25%), aquaviário (12%) e os 4,5% restantes formados pelos demais modais (aéreo e dutoviário).
Transporte rodoviário de carga
Uma das maiores razões para essa grande dependência do modal rodoviário é o fato do Brasil ter feito uma opção, em sua história, pelo desenvolvimento do país baseado na construção de estradas. O governo de Juscelino Kubitschek (1956 a 1961) foi o grande responsável pelo processo de interiorização da população. Nesse governo foram construídos mais de 20 mil quilômetros de rodovias ligando vários pontos do país. Aliado ao menor desenvolvimento de outros modais que poderiam ser competitivos, como o ferroviário, o modal rodoviário continua a ser, ainda hoje, o mais utilizado em todo o país.
Creio que apressar a marcha do Brasil, ativar o seu desenvolvimento é imperativo da defesa de nossa própria sobrevivência.
Juscelino Kubitschek
Mas analisando as características do modal rodoviário, observamos que de fato ele apresenta uma maior mobilidade quando comparado aos demais modais. Sua capacidade de atendimento porta a porta é bem maior.
Apresenta, no entanto, uma desvantagem quando se compara os valores de fretes. Sendo a carga mais pulverizada e as estradas brasileiras apresentando graves problemas de manutenção, os impactos sobre os valores dos fretes são inevitáveis. Há também riscos mais elevados com acidentes durante o transporte.
Uma outra questão que pode ser considerada uma desvantagem ao uso do modal rodoviário é sua maior suscetibilidade ao roubo de cargas. Esse tipo de situação acaba também por aumentar os custos do transporte pois, em geral, se torna necessário assumir uma despesa adicional com o seguro da carga.
Modal ferroviário
O segundo modal mais utilizado, conforme levantamento apresentado, é o ferroviário. Esse talvez pudesse ter uma maior utilização, não fosse a precária infraestrutura disponível, com poucas malhas ferroviárias. Além disso, existem outros problemas, como diferença de bitolas entre os sistemas, que trazem a necessidade de operações de transbordo em alguns pontos.
Comparado ao modal rodoviário, o ferroviário apresenta tempos de viagens mais longos, além de depender de instalações para carga e descarga dos vagões. Por outro lado, o risco de roubo é menor, o que acaba sendo uma vantagem.
Modal aquaviário
O modal aquaviário, terceiro mais utilizado, reúne diferentes opções de transporte: o transporte marítimo, que inclui as operações na costa brasileira ou entre continentes; o transporte fluvial, transportando produtos pelos rios das bacias hidrográficas brasileiras e o transporte lacustre, em lagos e lagoas.
Há naturalmente diferenças entre estes tipos de transporte, principalmente no que se refere ao tamanho das embarcações. No caso do transporte marítimo, é possível movimentar um grande volume de cargas, o que faz com o que custo unitário do transporte seja menor.
Deve-se considerar, no entanto, que há limitações nesse modal decorrente do fato de ser necessário que existam trechos navegáveis e adequados aos tamanhos das embarcações, que como vimos, podem ser grandes o suficiente para impedir a entrada em determinadas baías ou canais.
Outros fatores impeditivos, principalmente no transporte fluvial, são rios nem sempre navegáveis em toda a sua extensão, em função de existência de cachoeiras, ou em todas as épocas do ano, devido aos períodos de seca. Todos esses motivos acabam por limitar a utilização desse modal.
Modais dutoviário e aéreo
Em relação aos dois últimos modais, dutoviário e aéreo, que apresentam uma utilização bem pequena no Brasil, podemos considerar que isso se deve ao fato de serem modais específicos para algumas aplicações, não podendo ser utilizado em todos os casos.
O modal dutoviário, por exemplo, é específico para transporte de produtos líquidos e gasosos, minérios, e depende, também, da existência de malha de dutos que permitam o transporte entre os diferentes pontos do país. Já o modal aéreo, apesar de ter uma grande vantagem em relação à velocidade de transporte, superior aos demais modais, apresenta algumas restrições. Estas em relação ao tipo de carga que pode ser transportada, capacidade de transporte e necessidade de pontos para embarque e desembarque dos produtos.
Qual o melhor modal de transporte então?
Como dissemos no início desse artigo, essa não é uma resposta simples e trivial. Caberá à empresa avaliar as possibilidades que cada modal de transporte de carga oferece para fazer a escolha mais adequada, considerando critérios como: capacidade de transporte, segurança, custo, infraestrutura disponível, entre outras.
Buscando otimizar o resultado, em geral, a opção pode se dar pelo uso de mais de um modal de transporte, conjugado em uma mesma operação de retirada e entrega de produto. Esse assunto já foi abordado em nosso blog quando analisamos as diferenças entre intermodalidade e multimodalidade.
Um outro fator importante a ser considerado também é a natureza da carga a ser transportada. A depender do tipo de carga, pode haver algum tipo de restrição a um determinado modal, mas isso já é assunto para outro artigo!
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REFERÊNCIAS: