Blog Logística Sem Mistérios

Como inovar o ambiente de trabalho das operações logísticas?

Diferentes custos estão envolvidos quando o assunto é o desenvolvimento de uma nova instalação que vai operar como um armazém ou centro de distribuição em uma cadeia de suprimentos. Os maiores custos, neste caso, estão relacionados com o transporte de mercadorias, tanto no recebimento quanto na expedição, com a manutenção dos estoques e com a própria instalação (impostos ou aluguéis). Porém um custo tão importante quanto é aquele relacionado à força de trabalho.

Esse custo vem crescendo em importância, e a razão é simples! O mundo dos negócios, na gestão das cadeias de suprimento, vem passando por grandes transformações. Isso tem mudado o olhar das empresas para suas cadeias de suprimento, particularmente, suas redes de distribuição. Já é sabido que a distribuição é uma atividade de grande importância e que tem um impacto significativo sobre o nível de satisfação dos clientes.

O perfil da força de trabalho para atuar nessa etapa da cadeia de suprimentos também vem acompanhando esse ritmo de mudanças. Hoje, o nível de capacitação e habilidades dessas equipes é maior. A grande variedade de produtos, aliado à novas tecnologias utilizadas, tanto em sistemas como equipamentos, exigem uma mão de obra mais qualificada e bem treinada. As equipes também estão mais exigentes. Aspectos como um ambiente de trabalho saudável, seguro e confortável estão entre os principais valores para as operações de armazenamento e distribuição.

Nessa publicação, vamos abordar como as empresas estão se organizando para essa nova realidade relacionada à sua força de trabalho. Quais são as tendências já observadas e que têm como foco atender a essas necessidades?

O engajamento da força de trabalho nas operações logísticas

O engajamento da força de trabalho é fundamental para o sucesso das operações logísticas. Sem a participação ativa e comprometida dos colaboradores envolvidos em cada etapa do processo, a eficiência e a qualidade do serviço podem ser comprometidas.

Em uma operação logística, é comum que diversas equipes e áreas estejam envolvidas, desde o planejamento e aquisição de matérias-primas até a entrega do produto ao cliente. Cada equipe tem uma função específica e interdependente das demais, e um desempenho insatisfatório em uma delas pode afetar todo o resultado de todo o processo.

Por exemplo, se a equipe responsável pela gestão de estoques não mantiver um controle adequado dos níveis de inventário, pode ocorrer a falta de materiais ou a excesso de estoque, gerando prejuízos financeiros e comprometendo a entrega dos produtos. Da mesma forma, se a equipe responsável pela expedição não seguir corretamente os procedimentos de embalagem e transporte, pode ocorrer avarias nos produtos e atrasos na entrega.

Quando as equipes estão engajadas, motivadas e alinhadas com os objetivos e metas da empresa, elas trabalham com mais eficiência e comprometimento, garantindo a execução das atividades de forma ágil, precisa e segura. Além disso, equipes engajadas tendem a se comunicar melhor, colaborando entre si para solucionar problemas e otimizar processos.

Para engajar as equipes, é importante que a empresa proporcione um ambiente de trabalho saudável e motivador, com reconhecimento e valorização dos colaboradores. Também é fundamental que sejam oferecidos treinamentos e capacitações para que os colaboradores possam desenvolver suas habilidades e competências, aumentando a qualidade do serviço prestado.

É necessário que todas as áreas envolvidas estejam comprometidas com os objetivos da empresa, trabalhando de forma coordenada e colaborativa para garantir a excelência dos serviços prestados.

O papel da força de trabalho no processo de tomada de decisão

Nos últimos anos, a dinâmica das cadeias de suprimento tem evoluído de maneira significativa. A força de trabalho tem um papel crucial no processo de tomada de decisão nessas cadeias, uma vez que elas estão em contato direto com as atividades operacionais da empresa e com os fornecedores.

Ela é responsável por monitorar os processos e identificar oportunidades de melhoria em toda a cadeia de suprimentos. Elas são capazes de contribuir para a tomada de decisões, fornecendo informações valiosas sobre os fornecedores, o estoque e o fluxo de produtos. Além disso, a força de trabalho também é importante na identificação de riscos e na proposição de soluções para os problemas.

Uma força de trabalho eficaz pode influenciar a tomada de decisão em várias áreas, como na escolha dos fornecedores, no gerenciamento de estoques, no planejamento da produção e na gestão de riscos. Por exemplo, uma equipe de trabalho que está atenta às flutuações de demanda pode contribuir para a escolha dos fornecedores que ofereçam melhores condições de preços e prazos de entrega.

Outra forma como a força de trabalho exerce influência sobre a tomada de decisão é na gestão de riscos. Ela pode identificar potenciais riscos, como a falta de fornecimento de matéria-prima ou atrasos na entrega, e propor soluções para mitigá-los. Além disso, uma força de trabalho bem treinada pode colaborar na implementação de sistemas de monitoramento e alerta precoce, reduzindo os impactos negativos de possíveis crises.

A força de trabalho é uma parte essencial do processo de tomada de decisão nas cadeias de suprimento. Ela fornece informações valiosas para os gestores, permitindo que eles tomem decisões mais informadas e precisas. Uma força de trabalho bem treinada e engajada pode ser um diferencial competitivo para a empresa, contribuindo para a melhoria contínua dos processos e o sucesso da cadeia de suprimentos como um todo.

O treinamento como papel motivador da força de trabalho

O treinamento é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da força de trabalho em uma cadeia de suprimentos. Na área de operações logísticas, onde a eficiência e a precisão são essenciais para o sucesso da empresa, o treinamento é ainda mais importante.

Ao fornecer treinamento adequado e contínuo para os trabalhadores, as empresas melhoram sua eficiência operacional e aumentam a produtividade. Além disso, o treinamento pode melhorar a qualidade do trabalho realizado, levando a menos erros e a um melhor atendimento ao cliente.

O treinamento traz uma maior consciência sobre a importância da sua atividade, gerando um maior comprometimento com a segurança das operações.

O treinamento também tem um papel motivador para a força de trabalho. Ao fornecer oportunidades de treinamento e desenvolvimento, as empresas demonstram que valorizam seus trabalhadores e estão investindo em seu futuro. Isso pode levar a uma maior satisfação no trabalho, uma menor rotatividade de funcionários e a uma equipe mais engajada e dedicada.

Além disso, o treinamento pode ajudar a desenvolver habilidades e conhecimentos específicos que levam a oportunidades de progresso na carreira. Isso pode ajudar a motivar os trabalhadores a se esforçarem para melhorar seu desempenho e buscar avanços na empresa.

Para maximizar os benefícios do treinamento, as empresas devem fornecer treinamento de qualidade e personalizado para as necessidades de sua força de trabalho. Isso pode incluir treinamento prático e teórico em habilidades específicas, bem como oportunidades de desenvolvimento de liderança e coaching.

Tendências e inovações para a força de trabalho nas instalações industriais

As empresas sempre deram uma grande importância ao desenvolvimento de seus escritórios, dotando das melhores condições para um ambiente de trabalho agradável e acolhedor. Janelas mais amplas, para permitir a entrada de iluminação natural, temperatura agradável através de sistemas de ar condicionado e boa ventilação, áreas comuns modernas e bonitas e salas com recursos audiovisuais para reuniões são alguns dos recursos adotados nos escritórios centrais das empresas.

A pergunta é: Por que essas melhorias não podem também ser implantadas nas áreas industriais, visando criar um ambiente agradável para o trabalho nessas instalações? É claro que quando falamos em processos industriais, isso nem sempre é possível, em função dos níveis de temperatura dos equipamentos industriais, exposição a ambientes com maior nível de ruído, entre outros aspectos. Mas nas áreas administrativas e em instalações de armazenagem e centro de distribuição, não será possível criar um ambiente mais confortável para o trabalho?

Fundado em 2014, o International WELL Building Institute (IWBI) vem atuando no sentido de criar padrões que possam ser incorporados aos ambientes empresariais, com o objetivo de otimizar o design, as operações e os comportamentos visando promover a saúde e o bem-estar das pessoas. E qual o resultado esperado a partir do uso desses padrões? Maiores taxas de retenção de empregados e maior produtividade!

Os padrões são divididos em 7 categorias, que incluem recursos como ar, água, iluminação e alimentação, além de áreas relacionadas ao bem-estar físico (fitness centers, programas de incentivo), conforto (redução de ruído, ergonomia) e relaxamento (biblioteca, salas de repouso).

Algumas inovações estão sendo adotadas pelas empresas com o objetivo de criar melhores ambientes de trabalho em suas instalações, ganhando com isso em competitividade. A lista das principais inovações inclui:

  1. Maior nível de automação das operações, incluindo o uso de robótica, o que reduz significativamente a necessidade dos empregados em caminhar, curvar-se e levantar o peso dos produtos para montar os pedidos. Com isso reduz-se o estresse e a fadiga, aumentando a produtividade.
  2. Áreas comuns compostas de espaços como cafeterias, salas de descanso e, até, áreas externas para promoção de eventos como confraternizações, festas de aniversário e outros que possam promover uma maior integração entre as equipes.
  3. Instalações para exercícios físicos como salas de musculação, ginástica, trilhas para caminhadas ou até mesmo instalações mais elaboradas como um paredão para escaladas. O exercício físico contribui para a redução do estresse e melhoria do condicionamento físico, necessário para as atividades diárias.
  4. Locais próximos às áreas de trabalho para descanso, estações de carregamento de celular, entre outros recursos que também reduzem a necessidade de movimentação das equipes, aumentando sua produtividade.
  5. Localização do estacionamento próximo à instalação, para reduzir a necessidade de deslocamento, com o cuidado de evitar, nessa região, o trânsito de veículos de carga, tanto para os pedestres quanto para os veículos.
  6. Localização próxima aos transportes públicos, para aqueles que não utilizam veículos para chegar à instalação, ou, no caso de uma maior distância, a oferta de transporte até esses pontos, visando também reduzir a necessidade de deslocamento do empregado entre esse ponto e a instalação.
  7. Horários e escalas flexíveis, que não precisam ser extensas (cerca de 15 minutos são suficientes), para reduzir o nível de estresse quando ocorrer alguma situação que faça com que o empregado se atrase em relação ao horário de chegada ou saída.
  8. Acesso e conectividade às redes wireless em toda a instalação, não apenas para uso nos sistemas de informação, mas também para acesso dos empregados, podendo, nesse caso, haver algum controle em relação à navegação na rede.
  9. Melhoria na iluminação, promovendo o máximo de luz natural, facilitando a leitura de informações tais como o código de barra dos produtos durante a montagem do pedido.
  10. Ventilação adequada, seja através de materiais isolantes ou ventiladores, dispostos de forma a que todo o ambiente tenha uma sensação térmica agradável para a melhor execução das tarefas.

Como se pode observar, a partir da lista de inovações, a maioria representa melhorias fáceis de serem implantadas, que podem trazer um grande ganho em termos de criar um ambiente mais favorável à realização das atividades. Em consequência, as equipes que executam suas atividades em tais ambientes se sentirão mais motivadas à realização das atividades, aumentando sua satisfação e produtividade. O investimento feito pelas empresas em tais melhorias, será recompensado com melhores resultados financeiros decorrentes desse ambiente mais adequado ao exercício das atividades, mostrando à força de trabalho que além dos resultados do negócio, a empresa valoriza e se preocupa com seus empregados.

Referências

THOMPSON, Rich. Human centric design. HOT TOPICS. CSCMP, março, 2021.

WELL. International WELL Building Institute (IWBI). Site.

Gostou do conteúdo? Compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Newsletter Sem Mistérios

.

Gostou? Compartilhe!

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação. We are committed to protecting your privacy and ensuring your data is handled in compliance with the General Data Protection Regulation (GDPR).